Lilly estuda nova droga contra diabetes tipo 2

17/6/2005: Pesquisa

Lilly estuda nova droga contra diabetes tipo 2
Califórnia, EUA
Maristela Orlowski

Estudos apresentados terça-feira (14) na na 65¬ Sessão Científica da Associação Americana de Diabetes (ADA), realizado na semana passada em San Diego, na Califórnia (EUA), mostram que a exenatida, substância sintetizada a partir da saliva de um lagarto venenoso, melhora os níveis de glicemia no sangue de diabéticos tipo 2 de forma tão eficaz quanto a insulina glargina e ainda faz os pacientes perderem peso. Melhora comprovada nos fatores de risco cardiovasculares com o uso do novo medicamento também foi verificada.

A indústria farmacêutica Eli Lilly e a Amylin Pharmaceuticals anunciaram na semana passada, nos EUA, os resultados de estudos clínicos indicando que a injeção de exenatida mostrou melhorias sustentadas no controle da glicemia – de forma tão eficaz quanto a insulina glargina – e ainda proporcionou progressiva redução de peso ao longo de um ano e meio de terapia para pessoas com diabetes tipo 2, que não conseguiam obter um controle glicêmico adequado com metformina e/ou sulfoniluréia, duas das medicações orais mais comuns para diabetes.

Os dados também mostraram melhorias em marcadores associados com os riscos de fatores cardiovasculares, inclusive lipídios e pressão sangüínea. Informações científicas adicionais foram apresentadas mostrando melhorias sustentadas no controle glicêmico e progressiva redução de peso em pacientes que completaram dois anos de terapia com o medicamento.

Nova classe de medicamentos

A exenatida é o primeiro princípio ativo de uma nova classe de medicamentos chamada incretinos miméticos, que acaba de ser aprovada para uso nos Estados Unidos pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora norte-americana para alimentos e medicamentos, mais especificamente no dia 28 de abril passado, para o tratamento de diabetes tipo 2.

Os Estados Unidos foram o primeiro País no mundo a receber a aprovação regulatória para a exenatida, composto sintético de uma substância derivada da saliva do “Monstro de Gila”, o maior lagarto venenoso dos Estados Unidos. O medicamento começou a ser comercializado naquele mercado no início deste mês. No Brasil, a exenatida deve ser lançada em 2006.

Os estudos apresentados no ADA também mostraram que os pacientes medicados com exenatida perderam em média 2,3 kg, ao passo que os pacientes tratados com insulina glargina ganharam em média 1,8 kg. O ganho de peso é um efeito colateral comum na terapia insulínica. A exenatida também apresentou uma melhor redução dos níveis de pico de glicemia após as refeições do que a insulina glargina.

Por outro lado, a insulina glargina foi associada com níveis glicêmicos mais baixos em jejum. Ambos os grupos de exenatida e de insulina glargina apresentaram índices similares de hipoglicemia sintomática. Os pacientes em ambos os grupos de tratamento continuaram também com a terapia oral que incluiu uma sulfoniluréia, uma terapia conhecida por causar hipoglicemia quando utilizada sozinha.

A reação adversa mais comum constatada no tratamento com exenatida foi náusea (57%), geralmente de leve a moderada, com tendência à diminuição na freqüência e severidade com o passar do tempo. Apenas 6% dos pacientes tratados com exenatida interromperam o tratamento devido à náusea.

Mimetismo

O funcionamento da exenatida é similar ao do hormônio GLP- 1, que apresenta diversos efeitos no intestino, fígado, pâncreas e cérebro, agindo em sincronia para melhorar a utilização do açúcar pelo organismo. A substância é a única a imitar a resposta natural do organismo, ao restaurar a produção da insulina quando o paciente se alimenta. Os incretino miméticos representam uma nova classe de terapêuticos para uso no combate ao diabetes tipo 2.

A categoria procura mimetizar as ações de redução da glicemia ou antidiabéticas dos hormônios denominados incretinas, que ocorrem naturalmente no corpo humano. Essas ações incluem o estímulo à capacidade do corpo de produzir insulina em resposta a elevados níveis glicêmicos, inibindo a liberação de um hormônio denominado glucagon após as refeições, reduzindo a taxa com que os nutrientes são absorvidos pela corrente sangüínea e moderando a ingestão de alimentos.


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